‘Nós somos o para-choque da sociedade’, afirma Rodrigo Alemão

Entrevista concedida ao jornal Diário do Litoral (publicada em 16 janeiro de 2017)
‘Nós somos o para-choque da sociedade’, afirma Rodrigo Alemão

Foto: Rodrigo Montaldi/DL

Rodrigo Ramos Soares, o Rodrigo Alemão (PSDB) iniciou a carreira no Legislativo de Cubatão com conquistas inéditas na história da Casa.

Logo em seu primeiro mandato, o vereador é o mais jovem de sua legislatura. Além disso, aos 34 anos, foi eleito presidente da Mesa Diretora para o biênio 2017/2018.

Apesar da idade, a política veio de berço. Ele é filho do ex-vereador José Roberto Azzoline Soares, o Alemão, do qual herdou a forma de pensar a política e o apelido.

Em seu mandato, Alemão quer facilitar o acesso da população a tudo que acontece no Poder Legislativo e garante que sua presidência se baseará na ética e moralidade.


Diário do Litoral - Quais as prioridades da Mesa Diretora para o biênio 2017/2018?

Rodrigo Alemão – Primeiro, temos que saber que a Câmara faz parte do Poder Legislativo onde, sem dúvida, é o poder mais próximo da população. Nós somos o para-choque da sociedade. Então, penso que temos, cada vez mais, criar mecanismos para dar maior acesso à população ao Poder Legislativo. Como fazer esses mecanismos? Um grande passo é digitalizar todos os nossos processos, criando mecanismos de melhor acesso através da internet para a população ter acesso a todos os projetos dos vereadores, a todos os contratos, licitações em andamento no Poder Legislativo. Esse é um grande ponto que enfrentaremos, no qual sempre ligados a publicização de todos os atos, moralidade e eficiência nos atos do Poder Legislativo. É um grande ponto que estaremos enfrentando no primeiro semestre à frente da presidência.

 

DL - Nas primeiras sessões extraordinárias foram aprovados projetos que buscaram visar a readequação do Legislativo devido ao aumento no número de vereadores. A Câmara está pronta, hoje, para iniciar os trabalhos legislativos?

Alemão – É muito bom falar sobre esse ponto porque a Câmara enfrentou um problema logo no início. Tivemos um aumento no número de cadeiras, de onze para quinze, porém não foi feita a readequação de servidores comissionados. Hoje cada vereador tem quatro assessores, no qual nós fizemos uma pequena reestruturação administrativa onde foram criados 16 cargos. Além disso, foram feitas recomendações pelo Tribunal de Contas para alguns cargos, no qual nós também fizemos uma readaptação na descrição e função de cada um. Além disso, em dezembro do ano passado, foi feita uma pequena alteração numa lei em que exigiu nível superior para dois desses assessores e dois com ensino médio, no qual tem que se adaptar em dois anos. Nós fizemos também uma readaptação na classe salarial. Anteriormente, o que exigia nível médio ganharia mais do que exige nível superior. Além disso, em novembro e dezembro, nós tivemos uma inconstitucionalidade em uma lei municipal, em que previa 30% de gratificação de nível para quem exerce cargo de nível superior. Na Câmara, nós não tínhamos adaptado também essa inconstitucionalidade. Nós criamos essa lei e embutimos esse 30% na base salarial dos servidores que já recebiam o benefício. Até para se evitar que se exija uma nova inconstitucionalidade posterior, criando-se uma nova lei para dar os 30% de gratificação de nível. Nós embutimos na base salarial desses servidores que já recebiam antes. Ou seja, não existiu impacto financeiro nesta questão.

 

DL - O senhor é um vereador em primeiro mandato. Mesmo assim, já foi eleito presidente da Câmara. Como foi a construção dessa candidatura?

Alemão – A construção já se inicia em 2001, no qual eu já acompanhava meu pai, o ex-vereador Alemão. Fui assessor dele por sete anos. Depois disso, me formei em Direito. Sou advogado licenciado há 10 anos. A partir daí, comecei a tomar conhecimento do Poder Legislativo municipal, de todos os problemas da cidade, e me habilitei para estar concorrendo à presidência da Câmara. A eleição unânime demonstrou que o Poder Legislativo está unido em prol da cidade e também a vontade da população em renovação, que se deu nas urnas. Tudo isso influenciou essa eleição unânime do vereador mais jovem da legislatura e o mais jovem presidente da história de Cubatão.

 

DL - O quanto seu pai o influenciou na vida política?

Alemão – O meu pai foi o que mais me influenciou politicamente. Desde 1992, quando eu tinha nove para dez anos, eu já o acompanhava nessas lutas sobre política. Ele me ensinou que a política é o grande instrumento para que possamos fazer a cidade avançar e, realmente, executar o anseio da população. É o maior mecanismo para isso. Aprendi isso com ele, e hoje estou prosseguindo nos passos que ele me iniciou.

 

DL - Cubatão vive uma crise econômica acentuada. Que ações deve se esperar da Câmara neste momento de crise?

Alemão – Na gestão passada, do vereador Dinho, já se começou a fazer a revisão de alguns contratos. Eu estou pedindo, individualmente, todos os contratos aqui da Câmara, licitações em aberto. E tudo que for possível, sem dúvida alguma, reduzir e readaptar para nossa atual realidade financeira orçamentária, esse presidente irá fazer. O Poder Executivo, inclusive, já tomou algumas medidas como redução de contratos, de diminuição do quadro de comissionados, de secretários, e a Câmara também vai no mesmo sentido do que o Poder Executivo.

 

DL - Como o senhor espera que seja a relação com Executivo?

Alemão – Nossa Constituição prevê que somos poderes independentes, sem dúvida, mas também harmônicos. Essa harmonia tem que existir, sim. Quando ela existe é sempre em prol da população. Mas, sem dúvida alguma, nós somos o órgão fiscalizador do Poder Executivo. Não podemos deixar de lado essa questão e o Poder Executivo tem que encarar isso com bons olhos. Quando nós estamos fiscalizando e, eventualmente, apontando algum erro, também apontamos a solução. Vamos, sim, fazer com que essa nossa atribuição seja cumprida, exigida. E, sem dúvida, os vereadores estarão ao lado do Poder Executivo no que for bom para a cidade. Não tenho dúvida que o Poder Executivo está tentando, ao máximo, trazer benefício para a sociedade.

 

DL - O que deverá nortear a pauta política do Legislativo?

Alemão – Acho que a prioridade do nosso município hoje é a questão da saúde, ou melhor, a falta de saúde. Nós temos apenas um hospital municipal, que se encontra fechado. Temos que priorizar a reabertura deste hospital. Semana passada nós estivemos em São Paulo com o secretário estadual da Saúde, David Uip, com o prefeito Ademário. Praticamente todos os vereadores foram. A prioridade, nesse momento, é reabrir o hospital. Não dá mais para a nossa população sofrer com a falta de atendimento médico. Sobrecarregando, inclusive, a nossa região metropolitana. Hoje nós não temos uma internação, não temos UTI, a maternidade está fechada. Isso acaba sobrecarregando outros municípios da região e afetando todo sistema metropolitano da saúde. A prioridade, nesse momento, sem dúvida, de todos os vereadores, é a questão da saúde.

 

DL - O que a população de Cubatão deve esperar do senhor como presidente da Câmara?

Alemão – Pode esperar um presidente dedicado, que quer o melhor para a cidade, que se preparou muito para ser presidente da Câmara. Que entende que a política não é profissão, é vocação. E que irá pautar todos seus atos sempre observando os princípios da administração pública, a ética, e principalmente a moralidade. Esse é o grande ponto dessa maior crise que vivemos no nosso País. Não é econômica, não e política. É, sim, a falta da moralidade. Esse ponto, vocês podem ter certeza, que meus atos serão sempre votados observando a moralidade.

 

Foto: Rodrigo Montaldi/DL