“Nos dias de hoje, mais informamos do que comunicamos”, afirma mestre em Ciências da Comunicação
A Escola do Legislativo e da Democracia (ELD) “Vereador Presidente João Santana de Moura Villar”, promoveu na última sexta-feira (14/06), o último módulo do Curso de Introdução à Política. O docente convidado foi o jornalista Michel Carvalho, coordenador de comunicação da Câmara. Ensinou sobre “Comunicação, cidadania e direito à informação”. O comunicólogo dentre vários assuntos conversou com os alunos especialmente sobre como a informação e a comunicação podem influenciar na decisão de políticos e cidadãos nos mais variados temas da política.
Michel iniciou o curso fazendo algumas perguntas aos alunos, dentre elas, a que mais chamou a atenção do público: “nós mais informamos ou mais comunicamos?”, pergunta o doutorando em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC (UFABC). O jornalista entende que atualmente existe uma dificuldade no processo de comunicação entre as pessoas, uma vez que nos dias atuais há mais informações do que comunicação. “Se vocês repararem, nos dias de hoje mais informamos do que comunicamos. ‘Bom dia, tudo bem? Que horas você chega? O almoço já está pronto? Já pagou a conta?’”, exemplifica o mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP).
Diante disso, Michel tratou de explicar aos alunos que quando se há uma comunicação mais efetiva, o debate pode haver uma qualidade melhor e mais consistente. Outro questionamento feito pelo integrante do Grupo de Pesquisa Mediações Educomunicativas (MECOM) da Escola de Comunicação e Artes da USP, foi: “existe democracia sem acesso à informação?” Carvalho explana que em muitos casos no nosso País, o cidadão acaba tendo uma parte da informação e que o fato de a notícia chegar até a casa do cidadão de forma incompleta pode gerar julgamentos errados a respeito de um determinado assunto.
O jornalista também perguntou se de fato a imprensa é o 4º poder? Para Michel Carvalho a imprensa tem o poder de influenciar tanto em relação à sociedade, quanto aos três poderes nomeados em nosso Estado democrático. Um dos temas finais e que também gerou debate entre os alunos que compareceram ao Anfiteatro da Câmara para acompanhar o curso foram três tópicos: esfera pública, interesse comum e opinião pública.
O doutorando explicou que nem todo assunto que está em esfera pública é de interesse comum e mesmo que haja a opinião pública a respeito de determinado assunto ela não é capaz de mudar o destino daquele fato que está em esfera pública, ou seja, as pessoas têm o direito de opinar sobre qualquer assunto que por conta da mídia, acaba tendo esta característica de se transformar em esfera pública, porém, nem todos tem o conhecimento técnico formalizar uma opinião coesa.
Encerrou falando sobre o direito à informação, mas alerta que muitas informações acabam esbarrando num processo educacional incompleto por parte de certos públicos, o que de alguma maneira não auxilia na formação de um debate qualificado. Carvalho também chamou atenção para o perigo que pode ser as tecnologias e o fato de estarmos sempre monitorados. “Apesar de termos veículos de imprensa oficiais, com a chegada em massa dos usuários da internet, a probabilidade de existirem notícias falsas é ainda maior”, alerta o palestrante.