Em audiência, Prefeitura defende incorporação do prédio do teatro ao complexo de saúde
A Câmara promoveu na última sexta (23/06) uma audiência pública para discutir a incorporação do prédio inacabado do teatro municipal ao complexo de saúde, formado pelo Hospital "Dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva" e o Pronto Socorro Central. Rafael Tucla (PT), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Assistência Social, conduziu os trabalhos, que contou com a participação de setores da saúde, da cultura, além dos vereadores e representantes do Executivo.
A secretária de Saúde, Sandra Furquim, explicou que o imóvel hoje abandonado tem condições de abrigar uma câmara hiperbárica, uma unidade de oncologia (tratamento de câncer) e setor de nefrologia, voltado à saúde renal. A gestora disse que a grande vantagem do imóvel é a proximidade com o hospital. Ela disse compreender a importância da cultura para a população, mas a prioridade, hoje, de Cubatão é o atendimento médico-hospitalar.
Fábia Margarido, secretária de Assuntos Jurídicos, comentou sobre as questões legais que envolvem a possível mudança da destinação do teatro municipal. Segundo ela, será necessário revogar a lei, aprovada no governo anterior, que permite a grupos de arte assumirem a conclusão do imóvel e explorarem-no como espaço cênico. A revogação precisará ser feita por outra lei, de autoria do prefeito e aprovada pela Câmara. A gestora ainda disse que a mudança de finalidade precisa ser autorizada pelo Conselho Municipal de Cultura e ser precedida de amplo debate público.
Para a representante do Executivo, no caso de não poder contar com o teatro, a única alternativa seria um terreno, atrás da unidade, destinado à construção do prédio da Faculdade de Medicina, já aprovada pelo Ministério da Saúde. Fábia afirma que a necessidade de construção de um novo prédio de serviços de alta complexidade perto do hospital pode desestimular organizações sem fins lucrativos a participarem da concorrência para a administração da unidade.
Os representantes do Conselho Municipal de Cultura afirmaram que a proposta de incorporação do teatro ao complexo de saúde precisa ser melhor discutida com a sociedade civil. Eles defenderam que o projeto seja detalhado pela administração aos coletivos que têm ligação com a área.
O presidente da Câmara, Rodrigo Alemão (PSDB), afirmou que o teatro, deteriorado pela ação do tempo e atos de vandalismo, nunca foi usado de maneira contínua e efetiva para atividades artísticas. Ele defendeu que o Executivo pense em alternativas para os grupos cênicos da cidade, como o espaço do centro de convenções do Novo Anilinas. "Não dá para passar mais uma gestão sem resolver essa questão do teatro".
Tucla disse que a audiência pública teve caráter consultivo e não deliberativo. Ele ressaltou que o objetivo nunca será de segregar este ou aquele setor, mas o momento é de elencar prioridades e fazer escolhas.
fotos: Rodrigo Palassi