Especialista afirma que Aids se tornou tratável, mas não menos perigosa
A Escola do Legislativo e da Democracia (ELD), órgão institucional da Câmara Municipal de Cubatão, promoveu ontem (12/12), a palestra "Aids: prevenção, diagnóstico e tratamento", com o médico infectologista e especialista em hepatites virais, Evaldo Stanislau, que atua no Hospital de Cubatão e é professor universitário. Ao traçar um panorama geral sobre a doença, o profissional chamou a atenção para o fato de que se hoje está mais simples de cuidar das pessoas com o HIV, ainda não se tem nem a cura nem a vacina contra o vírus.
Além do palestrante, a mesa oficial dos trabalhos foi composta pelo presidente da Comissão Permanente da Saúde, o vereador Jair do Bar (PT); a diretora-secretária, a advogada Vanessa Alves Mesquita Toledo; a diretora de Vigilância à Saúde da Prefeitura Municipal, Luciana Rozman; e o coordenador da Escola do Legislativo e da Democracia, o procurador legislativo Douglas Predo. O vereador Marcinho (PSB) também participou do evento.
Stanislau explicou que nos anos 80, a informação sobre a aids era escassa e, com isso, a patologia se espalhava de forma rápida. Ele comentou que inicialmente a doença ficou marcada como se fosse algo restrito aos homens gays, gerando muitos preconceitos, mas com o passar do tempo descobriu-se que a transmissão também em relações heterossexuais. Naquela ocasião, quando o diagnóstico de aids era confirmado, o medo da morte dominava as pessoas infectadas, além disso, o tratamento era incipiente e não tinha a precisão que há hoje. "A aids saiu de um patamar desconhecido e letal, para o de uma doença tratável", explica o médico.
Dados divulgados recentemente pelo Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde mostram que de 2006 a 2015, o número de brasileiros infectados pelo vírus da AIDS saltou, na faixa etária de 15 a 19 anos, de 2,4 para 6,9 para cada cem mil habitantes.
Preocupado com os jovens, sendo essa a faixa etária em que mais cresce o HIV, o médico alerta que apesar de o coquetel ter evoluído e hoje ser possível ter uma vida plena, a vida com o vírus é complexa por exigir um cuidado maior, que inclui medicamentos e consultas periódicas. "Não é porque o tratamento evoluiu e se tornou mais eficaz, que a prevenção tem de ser excluída. Tem que usar camisinha sim". Stanislau também defendeu a ampliação de políticas públicas de prevenção às IST, e a realização de campanhas de conscientização no ano todo e não só no carnaval.
O médico Evaldo Stanislau foi chefe do Serviço de Infectologia e da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Ana Costa. Ele criou o pioneiro Ambulatório da Liga das Moléstias Infecciosas da Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Além disso, o infectologista foi consultor da Secretaria de Atenção à Saúde no Ministério da Saúde e auxiliou na consolidação da “Lei das Hepatites”, que representou um avanço nas ações de combate à doença. O palestrante é mestre e doutor em Moléstias Infecciosas e Parasitárias pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Após a palestra, os integrantes da mesa dos trabalhos e o público das galerias da Câmara fizeram perguntas ao especialista. O evento realizado pela ELD faz parte da campanha Dezembro Vermelho, que representa uma grande mobilização nacional sobre prevenção ao vírus HIV, AIDS e outras IST.
Luciana Rozman explicou que a testagem rápida de HIV e sífilis está disponível no CTA durante todo o ano. Os exames são seguros, sigilosos, não necessitam de jejum e podem ser realizados a partir dos 12 anos de idade.
O CTA e o Ambulatório do SADT ficam na Rua D. Pedro I, nº 104, Vila Nova. Os telefones são 3362-6919 e 3362-6900.