Especialistas discutem estratégias de prevenção ao suicídio na Câmara
A Escola do Legislativo e da Democracia (ELD), órgão institucional da Câmara Municipal de Cubatão, promoveu ontem (19/09) o Painel “Diálogos sobre Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio” no plenário da Casa de Leis. A atividade foi mediada pelo vereador Marcinho (PSB), presidente da Comissão Permanente da Saúde e autor do projeto de lei que institui a Campanha Setembro Amarelo no âmbito municipal. O Painel contou com a presença das psicólogas Ana Paula dos Santos Rodrigues, Letícia da Silva Moura e a técnica de enfermagem Lucia Helena Dal Poz Pereira.
Na abertura do evento, foi exibido o clip da música “Amarelo”, do rapper Emicida, que conta com a participação de Pabllo Vittar e Majur, e inclui trechos da faixa “Sujeito de sorte” de Belchior. O vídeo começa com um depoimento emocionante de uma pessoa que tentou o suicídio. A mensagem da música é que as pessoas se sentam grandes ao olharem no espelho e observando ao redor, e se enxerguem maiores do que os seus problemas, independente de quais sejam.
Ana Paula alertou que os suicídios estão crescendo de forma assustadora, principalmente entre os mais novos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ocorrência é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil, ficando atrás de violência interpessoal e acidentes de trânsito. Ela enfatizou que o suicídio não é uma ato para acabar com a vida mas sim para eliminar a dor e o sofrimento. O ato suicida é o evento final de uma complexa rede de fatores, que envolvem causas podem ser econômicas/políticas, religiosas, sociais, biológicas, culturais, psiquiátricas, filosófico e psicológicas.
Letícia, por sua vez, focou na relação entre suicídio e racismo. “Quando consideramos quaisquer indicadores sociais (saúde, moradia, educação, entre outros) a população negra está sempre em desvantagem quando comparada à branca”, lembrou a especialista. Segundo o Ministério da Saúde, a cada dez jovens de 10 a 29 anos que cometem suicídio, seis são negros. A psicóloga defendeu a adoção de uma postura antirracista, oferecendo apoio, escuta, prestando atenção nas palavras da pessoa que demonstra sofrimento por conta de atitudes preconceituosas. Além disso, Letícia disse que é preciso mostrar ao indivíduo que sofre que ele não está sozinho.
Já Lúcia abordou a questão da automutilação (cutting), que consiste na prática de agredir o próprio corpo. A técnica de enfermagem comentou que, apesar de não existirem muitos estudos no Brasil, pesquisas feitas recentemente mostram que os casos ficaram mais frequentes na última década, principalmente entre os adolescentes. A especialista, que atua no Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE) do Câmpus Cubatão do IFSP, sugeriu que a melhor maneira para lidar com o cutting é não julgar e demonstrar interesse pelo sentimento do outro, estando pronto a agir com empatia.
Após a apresentação das especialistas, o público – formado na maioria por aprendizes do CAMP Cubatão – teve a oportunidade de enviar questões por escrito para o trio. Na entrada do plenário da Câmara, os participantes do Painel foram convidados a responder a questão: “Para você, viver é?".
Marcinho finalizou o evento reafirmando a necessidade de promover atividades como a do Painel. Ele comentou que o tema costuma ser cercado de tabu, sendo que as pessoas costumam fugir do assunto e, por medo ou desconhecimento, não enxergam os sinais de que uma pessoa próxima apresenta comportamentos que atentam contra a vida.
Onde Buscar Ajuda
- CAPS Cubatão Centro de Atenção Psicossocial
Rua Dom Pedro II 563 Vila Nova Cubatão
Telefone: 3361-6864
- CVV - Centro de Valorização da Vida (apoio emocional e prevenção
do suicídio)
188 (ligação gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou
celular) ou pelo site www.cvv.org.br (Chat, Skype ou e-mail)
- Clínica de Psicologia da Unip (Câmpus Santos)
Telefone: 3224-9890 (gratuito)
- Clínica Psicológica da Unisantos
Telefone: 3202-0128/3205-5555 ramal 518 (gratuito)
- SAMU 192